Saturday, October 28, 2006

Peter Pan

À pergunta da jornalista sobre se Peter Pan ia à escola a criança respondeu:
«Não, Peter Pan voa!»




(Hoje, num canal português de televisão)

(in http://pt.wikipedia.org/wiki/Peter_Pan: Peter Pan é um personagem criado por "J. M. Barrie"; é também o nome de uma "peça" de teatro, de um livro para crianças e de várias adaptações destes. O personagem é um pequeno rapaz que se recusa a crescer e que passa a vida a ter aventuras mágicas)

(Imagem: Fada Sininho, champanhe e La Géode)

O cheiro dos grifos

Dizer que os grifos cheiram mal, por serem necrófagos, é um erro: cheiram tão bem como uma pessoa acabada de sair de um duche!

Os abutres reais, por exemplo, cheiram a roupas acabadas de passar a ferro!


Canal Odisseia, 23-10-2006, 00:45 (madrugada)

Saturday, October 21, 2006

O professor de matemática



«Pelo que vejo aqui nos seus canhenhos o "8" mais parece uma bicicleta da feira da Vandoma!...»



(30-04-1982)


(Notas ao desenho: exponenciação e radiciação)

Os caçadores de cabeças

Deu a ler o jornal ao companheiro de pequeno-almoço. A notícia rezava assim:

«Índios Aguaruna, com zarabatanas envenenadas - os célebres caçadores de cabeças -, mataram ontem três franceses e um peruano que os tentavam filmar numa zona remota da Amazónia. (...)»

(a notícia continuava, descrevendo os pormenores)

O companheiro de ocasião, que ocupava uma cadeira de verga colocada estrategicamente no alpendre do hotel, ficou hirto, primeiro, e depois balbuciou:

- Mas... ainda existem caçadores-de-cabeças?!...
- Parece que sim, a crer na notícia...
- Vai ver, senhor, que é para correr a gente daqui!...

(na verdade, não era de desprezar a hipótese de a notícia ter sido manipulada com o objectivo de afastar a presença de forasteiros)

Fechou o jornal e recostou-se na cadeira, pensativo. Depois sorriu e levantou-se sem dizer quaisquer palavras!


(Nota 1, 1989?: os Aguaruna pertencem à tribo Jíbara. Condenados a uma lenta integração na sociedade peruana vivem da pesca e da agricultura. Os 4 homens foram mortos a tiro e atirados ao rio Marañón. A notícia, na verdade, pouco mais adiantava e o que realmente se passou ficou para sempre um enigma)

(Nota 2, 2006: em 1993 a população recenseada andava à volta de 45.137 pessoas; fonte: http://peruecologico.com.pe/etnias_aguaruna.htm)

Dormia tão bem...

... tão bem dentro daquele ovo, que lhe custou muito vir cá para fora!

Primeiras viagens de automóvel

«Parar
Buzinar

Aproximação ao cruzamento

Berrar
Disparar um tiro

Avançar com cuidado!
»

Era tão exímio, tão exímio...

... a caçar borboletas que elas já sabiam de geração para geração para onde haviam de se desviar!

Quando era miúdo...

... fazia espadas com os galhos que roubava aos arbustos da vizinha e em vez de usar as tintas dos trabalhos manuais para os trabalhos manuais usava-as para decorar as suas espadas!

A moça tinha a mania de...

... ir para a janela apreciar os militares em desfile pelas ruas da vila e era quando o «seu homem» lhe atirava com a bota da tropa às ventas!

No café costumeiro...

... havia um movimento desusado. Era noite de fado.

As que faziam as honras da casa, loiras e espampanantes, preparavam-se. Uma trazia meia de vidro que mal se ajustava à perna - a única magra do sítio. Os sapatos de outra, bem envernizados, alteavam-lhe a perna aí uns quinze centímetros. Eram todas de meia-idade.

Chegaram os maridos com as violas: gordos, boçais.

Imitações de oiro, neles e nelas, não faltavam. Elas sempre a aperaltarem-se, pintando os lábios de vermelho. Uma mirou-se no vidro da sala. Outra perdeu quinze minutos de vida no w.c. a lavar-se por baixo.

Passaram os maridos e um deles largou um nota de música para as luzes da noite (ou para alguma?):

- He!, pessoal, vamos?

E outro:

- Vamos treinar, caralho?

Mais tarde fez-se «ribalta». Foi o êxito!

Chaplin não se envergonharia...


(30-11-1989)

Politicamente correcto

Deve dizer-se «línguas nacionais» e não «línguas nativas» pois esta contém uma carga pejorativa


(1989)

Participação de casamento

Com um bonito postal a letra verde esbatido, papel de superior qualidade, com relevo e tudo, os pais dos noivos anunciavam o prazer de participar aos excelentíssimos destinatários o casamento de seus filhos e, em anexo, pelos menos para um dos convidados, juntavam o rol das coisas necessárias... que rezava assim:

«Grelhador eléctrico de placas
Forno eléctrico (redondo)
Panela de pressão (inox)
Fritadeira eléctrica (1 litro)
Balança de casa-de-banho
Aspirador
Máquina de café 'EXPRESSO'
Termos
Tábua de passar
Copos de balão
Passe-vite (inox)
Conjunto de cozinha (concha, pá, etc...)
2 coadores de rede (1 grande e 1 pequeno)
2 facas de cozinha
Pirex (1 redondo e 1 rectangular)
Tabuleiro
Conjunto de travessas de inox
Assadeira média de inox
Panela de fondue»


(1988)

Só introduzir a moeda...



«Só introduzir a moeda
com o disco imóvel

Catherine Deneuve (imagem)

V. Ex.ª (sinal de seta) pesa

76-77

Sina - Viverás 80 anos. Serás rico e feliz e terás 3 filhos»


(1987?)

Sunday, October 15, 2006

O Homem da Terra Brava e os Lobos

«Era na Serra da Cabreira, eu falava com os lobos e eles respondiam-me. Às vezes, no monte, lá aparecia um a interromper-me a sesta mas eu levantava-me, cumprimentava-o, e ele: "pernas, para que te quero!".

«Um dia, vinha eu pela serra com a mulher, já se fazia noite, saiu-nos um lobo ao caminho e seguiu-nos até casa - "Vês?, ali em cima, naquele monte?... é um lobo! Não te preocupes, mulher... Queres ver: então pá, como vai isso?, a fome aperta?" -. Quando um lobo nos segue pela direita um homem domina-o, mas se é pela esquerda aí não há defesa porque esse é o lado fraco do homem. E a gente tem que o ver antes que ele nos veja a nós senão começamos a gaguejar e fica-se ali preso e mudo!

«Lá seguimos caminho e eu todo o tempo a entreter o malvado, a falar-lhe das coisas boas e más que a vida tem, até chegarmos a casa. Aí, peguei na espingarda, carreguei-a pela boca, disposto a pegar o fidalgote pelas ventas mas já ele "dera às de vila Diogo". O raio do bicho era mais esperto que nós, já estava para longe, a uivar, a chamar uma fêmea!

«Um lobo é como um cão, há até cães piores que lobos!»


(1993)

As eleições

Foi na taberna, aos gritos de vivas e à saúde de todos, que, no dia das eleições, os munícipes festejaram a vitória do novo presidente. Bateram-se copos no balcão e nas mesas e jogou-se ao dominó e às cartas, e já ninguém queria saber dos comentários que se iam sucedendo na televisão ou da actualização dos resultados.

Os calotes subiram, uns pagaram rodadas - até o patrão pagou! -, e, já pelas matinas, saíram a cantar assim:

Lagarto, lagarto
Que por hoje estou farto!


(1989)

Aguadeiro

Aguadeiro é caminheiro
Vai p'rá rua ganhar dinheiro

Aguadeiro sua sua
À noite fala co'a Lua

Aguadeiro água leva
E que importa se neva?

Aguadeiro é vagabundo
Cresceu junto com o mundo

... ... ...

Vai consigo forasteiro
E 'inda não fez dinheiro!


(1989)

O contador de histórias:

- Majestade, quer que lhe conte outra vez aquela de «Descalça vai para a fonte/Leonor pela verdura*»?

O Rei:
- Deixa-a ir, coitada!, que está farta de andar acima e abaixo...


(*) Camões


(1989)


Saturday, October 14, 2006

Sopa de letras e outros mais...

A - compasso
j - alfinete-de-ama*
S - onda brava!
N - duas gaivotas
Ti - Pi disfarçado (3,1416)
Li - Ui! (interjeição)
G - casca de caracol
Z - primo do 3
4 - em substituição do y (incógnita de equação)
ç - cabeça de alfinete
T - antigo poste telegráfico
/ - arpão polido


(*) também, em linguagem comum, alfinete-bebé


(1989?)

«Subtifúrgios»

«Há palavras que eu nunca consigo dizer, uma delas é subtifúrgios


(*) subterfúgios

Um casaco de encantar!

«Lindo, lindo, até dizer chega - eu até acho que é cor de burro quando foge!, e os acabamentos?»

Estavam todas cheias de visgo!

Estava sempre mais preocupado com a visão geral da floresta do que com a visão particular das árvores mas esquecia-se de uma coisa:

é que as árvores estavam todas cheias de visgo!


(*) Visgo, o mesmo que visco: parasita de árvores; Viscum album mali (parasita a macieira, o limoeiro, a pereira...; Viscum album abietis (o visco dos abetos); Viscum album pini (dos pinheiros); Viscum cruciatum (hemiparasita da oliveira). Fontes: Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora (6.ª ed.); http://pt.wikipedia.org/wiki/Visco_(planta)

O eterno dilema(?) do ovo e da galinha

À pergunta «afinal quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?» respondeu:

«Bem, o ovo deve ser cozido ou escalfado, quem sofrer de colesterol deve evitar comer ovos e a parte amarela é a que faz pior»

Sunday, October 08, 2006

Os Adultos-Homens...

... sem Meninices

A girafa...

... Pescoço-de-Garrafa

O gato...

... Tenório-que-era-um-verdadeiro-Tenor

O leão...

... Voz-de-Trovão

(só ameaçado pela centopeia 99-patas-e-muleta que ao centésimo passo batia que nem um trovão!)

O ouriço-cacheiro...

... Caixeiro-Viajante-e-Pica-que-Pica

O mosquito...

... Zum-zum que tinha a mania que era avioneta

A mosca-do-sono...

... Zé-zé

O pirata...

... da perna di pau e olho di virdo e cara di mau

A rã...

... Mola-que-Mola

O sapo...

... Bota-de-Elástico

O caracol...

... Sem-barulho-e-Ranheta

O pintainho

... Pi-pi

A pega...

... Crá-crá

O crocodilo...

... Cró-cró
(um bocado esquisito este «cró-cró»!)

A centopeia...

... 99-patas-e-muleta que ao centésimo passo batia que nem um trovão!


(variante do post com o mesmo nome de Quarta-feira, Julho 26, 2006)

O aranhiço...

... Metediço-e-Senhor-de-muita-nota

As fases da Lua:

A Envergonhada (toda escondida)
As Tímidas (a crescer e a mingar)
A Risonha (a Lua Cheia que até parece uma bolacha!)

O Rabelo que parlava assim:

as jarbes
o só-fá
asjoras
ejijir...

e tinha a mania dos diminutivos:

ubinhas
sardinha bibinha
'tadinha dela...

O Cavaleiro D. Juan...

... tão rico que podia dormir até às 11 horas!

A aranha...

... Rosa-da-Cruz-Cheia-de-Manhas

O macaco...

... Pantominices

D. Sebastião...

... que era natural do Baião!

Inspiração

Inspirou pelo nariz com uma intensidade tal que até parecia que estava a snifar

As regras do jogador de cartas

«dois zero ou dois um não jogo mais e não há perdão, e sem comentários, é obrigatório, claro!»

Festas Concelhias de...

«Amanhã é dia de carteiritas!»

Santa Alexandrina

Elogiou a mulher do amigo dizendo:
- Parece a Santa Alexandrina!
O marido:
- E o ouro?, o ouro onde está?


("Alexandrina Maria da Costa, mais conhecida como Alexandrina de Balasar ou Santinha de Balasar")

Eles inventam cada nome!...

Falavam de filhos incógnitos, do antes de 25 de Abril, e às tantas um saiu-se com esta:
- Conheci um que se chamava Belarmini Bem-te-vi Exposto, mais valia que lhe tivessem posto Belarmini Bem-te-vi, o Abandonado!


(Exposto: enjeitado; Belarmini: não existe em português; Bem-te-vi: «Pitangus sulfuratus», nome dado a um pássaro)

Friday, October 06, 2006

O Relatório e Contas e a «gaffe»

Na Assembleia Geral (de uma certa instituição) tinha-se submetido à leitura e apreciação o Relatório e Contas do ano de mil novecentos e trinta e oito. Um dos sócios, sensibilizado com as palavras de outro, expressou o seu sentimento deste modo: «(...) sem desprestígio para a Direcção cessante, deve afirmar(-se) que, tiveram imenso trabalho para colocar a desordem na ordem».

O ajudante de cartorário traduziu em acta o que lhe pareceu. Só mais tarde é que toda a gente verificou que a desordem afinal era a escrita.


(1939)

Ordem de Serviço

«Determina-se e manda-se publicar

(...)

Artº. 5º - DESCONTO
Seja descontada ao praticante da Cozinha Geral (...), nº (...), a importância de 5$50, para pagamento de um vidro por ele quebrado na Secção de Hortaliça daquela Cozinha.»

Só não se sabe o que é que o praticante andava a praticar (passe a redundância) quando partiu o vidro: alguma pega de caras mal sucedida? Algum jogo de futebol com jarretes, à falta de bola? Mas que a justiça era dura lá isso era!


(fonte: ordem de serviço da Assistência Social da Legião Portuguesa, Porto, ano de 1951)

Wednesday, October 04, 2006

Sunday, October 01, 2006

Dois amigos

Dois amigos passam um pelo outro:
- Olá, amigo!
- Amigo? Amigo e Senhor!

(o segundo vai-se embora e o primeiro fica a falar sózinho)

- Senhor...

Senhor dos Passos...
Paços do Concelho...
O Conselho é Guerra...
Guerra Junqueiro...

Junqueiro é em Alcântara...
Alcântara é mar...
o mar é azul...
azul é a cor do céu...

o céu é dos meninos...
os meninos bebem leite...
o leite vem da vaca...
a vaca é fêmea do boi...

o boi tem cornos...

(ao fim de meia hora)

- Ai o filha-da-mãe que me chamou corno!


A procissão

O padre tinha-os convidado a participar na procissão. Um deles, que tinha estado toda a manhã a beber copos no tasco - e ao meio dia já o diabo andava dentro dele a nadar em vinho(*) -, disse:

- Jesus! Vou à frente mas é com a cruz!


(*) definição d'o borrachudo, frase de Camilo Castelo Branco (?))

(*) a definição correcta é a seguinte:
«borrachão»: «depois do meio-dia tem dentro de si o diabo, a nadar em vinho... até borrachão se fez», Camilo, «O Demónio do Ouro», I, cap. 2, (pg. 23, Ed.?)